domingo, abril 08, 2007

Foz do Rio Tornada

Em Salir do Porto, junto à baía de S. Martinho do Porto, encontra-se um lugar, onde o rio se junta ao mar, de enorme interesse paisagístico e que recebe inúmeros visitantes ao longo de todo o ano.
Recentemente, a zona foi alvo de uma intervenção com vista a preservar a biodiversidade local e a proporcionar uma maior acessibilidade, nomeadamente através da construção de um passadiço elevado.
No decurso da minha última visita àquele local, ocorreu-me que talvez fosse boa ideia fazer uma entrada no blogue sobre aquela área, integrada no tema da conservação e restauração da biodiversidade. Um placard informativo, colocado pela Junta de Freguesia, forneceu-me os elementos necessários, os quais ilustro com algumas fotos de ocasião


Na baía de S. Martinho do Porto desagua o rio Tornada, um dos principais rios do Oeste, nas margens e foz do qual se observam habitats ribeirinhos, nomeadamente as galerias ripícolas e as formações vegetais halófitas. Nas depressões dunares, onde a humidade edáfica é elevada, ocorrem juncais.

A foz do rio Tornada é caracterizada pela mistura de águas doce e salgada, aspecto que condiciona as comunidades vegetais e animais que a habitam. As galerias ripícolas que marginam a foz do rio Tornada, apresentam um relativo bom estado de conservação, sendo estruturadas por uma espécie dominante – a Tamargueira (Tamarix africana).
No estrato arbustivo dos corredores ripários, ocorrem algumas outras espécies típicas das zonas de transição entre os meios marinhos e dulciaquícolas, como seja, o junco marítimo (Scirpus maritimus), o caniço (Phragmites australis) e as tábuas (Typha sp.).

A baía de S. Martinho do Porto funciona como o leito de inundação do rio Tornada, o qual tem nascente na Serra de Aire e Candeeiros. A fraca dinâmica das correntes marinhas dentro da baía, é responsável pelo forte assentamento dos sedimentos transportados pelo rio e consequente assoreamento da baía.
O assoreamento da baía de S. Martinho do Porto, devido à deposição de sedimentos, tanto provenientes do trânsito marinho, como do rio Tornada, tem conduzido ao desaparecimento das zonas húmidas neste local. O desaparecimento destes habitats, apesar de ser natural, representa uma perda significativa de biodiversidade.

Os estuários apresentam tipicamente faixas marginais de transição, de extensão variável, constituídas por lodos ou areias e estando sujeitas ao regime das marés - os sapais.
Devido ao forte assoreamento da baía de S. Martinho Porto, estes habitats estão mal representados no estuário do rio Tornada, estando reduzidos a manchas fragmentadas na foz do rio.
Os sapais são ecossistemas importantes porque:
a) São um local de abrigo e maternidade para diversas espécies marinhas;
b) São um local de alimentação da avifauna;
c) Têm uma função depuradora da água, devido à capacidade das plantas de absorver e fixar metais pesados.
Com o objectivo de combater o assoreamento dos habitats naturais na envolvente da foz do rio Tornada, o Projecto de valorização Ambiental da Concha de S. Martinho do Porto, promovido pelo INAG, levou a cabo a criação de duas áreas de sapal.

A abertura e aprofundamento das valas garante a disponibilidade de água salobra que as comunidades vegetais halófitas necessitam para se desenvolverem.

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